alistamento militar para quem tem diagnóstico TDAH é complicado na Suécia

O problema

Uma reportagem recente do Svenska Dagbladet revelou que jovens suecos com diagnóstico de ADHD estão recorrendo a clínicas privadas para conseguir intyg (atestados médicos) que “apagam” a condição e assim permitem o ingresso no lumpen, o serviço militar obrigatório.

Segundo os dados, nove em cada dez que buscam essas clínicas conseguem laudos que afirmam que “não têm mais” ADHD. O custo? De 9.000 a 30.000 coroas suecas. Um verdadeiro mercado paralelo se abriu em torno dessa brecha, enquanto o próprio Plikt- och prövningsverket (o órgão de seleção) admite estar “perplexo” com a enxurrada de documentos milagrosos:contentReference[oaicite:0]{index=0}.

O termo errado: “tillfrisknat”

O uso da palavra “tillfrisknat” (ter se curado, recuperado) no debate é, no mínimo, infeliz. Pessoas com ADHD não “se curam”, porque não se trata de uma doença, mas sim de uma funktionsnedsättning (condição neuropsiquiátrica). A diferença é crucial: confundir isso reforça o estigma de que quem tem ADHD está “doente” e precisa ser normalizado para caber nas regras.

Lumpen e ADHD: realmente incompatíveis?

Outro ponto levantado pelos próprios afetados é: por que ainda existe tanta resistência? Se a exigência foi retirada para quem quer entrar na Polishögskolan (Escola de Polícia), qual seria a lógica de barrar quem sonha com a carreira militar?

Aliás, há quem defenda que justamente as regras claras e a rotina rígida do lumpen podem ser um ambiente benéfico para pessoas com ADHD, oferecendo estrutura que muitas vezes falta no cotidiano civil. Sem falar que, historicamente, milhares de suecos com ADHD já passaram pelo serviço militar sem maiores problemas.

O mercado das clínicas

No fim das contas, o que temos é um sistema que, ao invés de se atualizar, incentiva um comércio de diagnósticos. Jovens pagam caro para se livrar de um rótulo que nem deveria ser impeditivo em primeiro lugar. Enquanto isso, clínicas privadas lucram tanto diagnosticando quanto “desdiagnosticando”:contentReference[oaicite:1]{index=1}.

Um debate maior sobre inclusão

Essa discussão expõe algo maior: como a sociedade sueca enxerga condições neuropsiquiátricas. De um lado, fala-se em igualdade e inclusão. Do outro, mantêm-se barreiras veladas que empurram pessoas para soluções caras e duvidosas.

O debate sobre o lumpen é, na prática, um espelho de como a Suécia lida com a diferença: ainda com desconfiança, ainda com a expectativa de que todos se encaixem num molde único.

A pergunta que fica é: se o sistema já reconheceu que pessoas com ADHD podem ser policiais, por que insiste em tratá-las como risco na vida militar?

Bem-vindo ao BRASSAR
o portal da comunidade brasileira na Suécia.

Aqui você encontra:

    • Informações práticas, dicas e notícias úteis
    • Mural de recados e classificados gratuitos
    • Espaço para oferecer ou procurar serviços, vagas e produtos

                      👉 —> É 100% grátis para usar <—

Junte-se a nós e conecte-se com outros brasileiros vivendo na Suécia!

© Brassar.se. Todos os direitos reservados.

Entrar

Cadastrar

Redefinir senha

Digite o seu nome de usuário ou endereço de e-mail, você receberá um link para criar uma nova senha por e-mail.

Rolar para cima