Na halkbana, motoristas descobrem na prática como é frear e controlar o carro em pistas molhadas ou cobertas de neve — uma experiência que pode salvar vidas no inverno sueco
Se você vai tirar a carteira de motorista na Suécia, prepare-se: em algum momento, terá que encarar a halkbana, a famosa pista de derrapagem. É lá que os futuros motoristas testam na pele como o carro reage em situações de risco, como quando o asfalto está congelado, coberto de neve ou encharcado de água.
Por que isso existe na Suécia?
Quem já dirigiu no Brasil sabe que chuva forte já complica bastante. Agora imagine dirigir com neve e gelo cobrindo a pista por meses inteiros. Foi para preparar motoristas para essa realidade que a halkbana se tornou parte obrigatória da formação, em 1975.
No início, a ideia era ensinar a controlar o carro depois da derrapagem. Hoje o foco é outro: prevenir riscos. O curso ensina a importância da velocidade, da distância e da atenção — fatores que podem determinar se você vai ou não conseguir evitar um acidente.
O que acontece durante o treino?
O aluno passa por diferentes testes: frear em pista molhada, desviar de obstáculos inesperados e até lidar com situações como um “animal” atravessando a estrada. A experiência costuma surpreender, porque a distância de frenagem é muito maior do que se imagina.
Esse choque é intencional. Os instrutores querem que o aluno guarde essa sensação para sempre, de modo que, no dia a dia, ele saiba reduzir a velocidade a tempo e respeitar os limites da estrada.
50 anos de halkbana: o que mudou
A halkbana de Gillinge, perto de Estocolmo, é a segunda mais antiga do país. Foi inaugurada em 1975 pelo rei Carl XVI Gustaf e hoje é referência em treinamento de segurança. Por lá já passaram não apenas motoristas iniciantes, mas também polícia, bombeiros e militares.
O espaço cresceu, ganhou tecnologia e hoje só usa carros elétricos para os treinos. A lógica também mudou: em vez de apenas aprender a reagir, os alunos são incentivados a conversar e refletir sobre os riscos — para evitar chegar ao ponto da derrapagem.
Estrangeiros na halkbana: um choque cultural
Para quem vem do Brasil, a experiência é quase surreal. Afinal, não existe nada parecido no processo de habilitação por lá. Muitos brasileiros que fazem a halkbana relatam que só depois desse treino entendem de verdade por que o trânsito sueco é tão rigoroso com limites de velocidade e distâncias.
O que levar de lição?
- Velocidade é o fator número um em qualquer acidente.
- No gelo, a distância de frenagem pode multiplicar várias vezes.
- Mesmo com carros modernos, o motorista precisa ser responsável.
- Treinar em ambiente controlado é a melhor forma de aprender sem risco.
Curiosidade
A primeira halkbana da Suécia foi a de Stora Holm, em Gotemburgo. Em Gillinge, uma nova pista foi inaugurada em 2006 pelo príncipe Carl Philip. Hoje, cerca de 20 mil motoristas passam por lá todos os anos.
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