Uma cena aparentemente banal – tirar uma foto de um prédio público – pode terminar em investigação criminal na Suécia. Isso porque muitos edifícios e áreas estratégicas do país são classificados como skyddsobjekt, ou seja, “objetos de proteção”. Fotografá-los ou filmá-los pode ser ilegal.
O que é um skyddsobjekt?
São locais considerados críticos para a segurança nacional, como:
Esses lugares costumam estar sinalizados com uma placa amarela. O problema é que, segundo especialistas, a maioria da população não sabe exatamente o que essa placa significa.
Por que a lei ficou mais rígida?
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia e a elevação do nível de ameaça terrorista na Suécia, o controle sobre esses locais foi intensificado. O especialista em inteligência Jörgen Holmlund explica que antes, muitas vezes, bastava deletar as fotos para encerrar o caso. Hoje, é cada vez mais comum que pessoas sejam processadas.
A lei é aplicada de forma “preto no branco”: independentemente de a foto mostrar apenas a fachada ou algo realmente sensível, o ato de fotografar pode ser tratado como crime.
Impacto no dia a dia
O caso de um jovem de 16 anos em Malmö, investigado por filmar o prédio do Rättscentrum (onde funciona o tribunal e a polícia), ilustra como até ações aparentemente inocentes podem gerar problemas legais.
Até jornalistas foram afetados. Desde uma alteração na Constituição sueca em 2023, nem mesmo veículos de imprensa têm o direito automático de filmar skyddsobjekt. O documentarista Alex Veitch chegou a ser condenado por filmar um prédio policial em Solna, decisão confirmada pela Suprema Corte.
E se eu quiser fotografar?
Em teoria, é possível pedir uma autorização. As placas amarelas informam isso. Mas, segundo jornalistas, o processo não é claro nem acessível. Na prática, quase ninguém consegue permissão.
O que você precisa saber
Em suma
A tensão entre segurança nacional e liberdade de imprensa está cada vez mais visível na Suécia. Ao mesmo tempo em que há razões legítimas para proteger prédios e infraestruturas, cresce a discussão sobre até que ponto a aplicação rígida da lei pode criminalizar cidadãos comuns – ou dificultar o trabalho jornalístico. Para quem vive ou visita o país, a recomendação é clara: pense duas vezes antes de sacar o celular diante de um prédio oficial.