A Suécia tem pouco mais de 10 milhões de habitantes, mas conseguiu conquistar um título de peso: é um dos países que mais produzem startups bilionárias per capita, atrás apenas do Vale do Silício. Spotify, Klarna, Northvolt e King (criadora do Candy Crush) nasceram aqui e ganharam o mundo. O que explica esse fenômeno?
A confiança como motor invisível
O ecossistema sueco se apoia em algo simples e poderoso: confiança. Instituições sólidas e transparência criam um ambiente onde colaborar e arriscar parece natural. Já no Brasil, embora as instituições funcionem de outra forma, existe uma força coletiva enorme em redes informais, parcerias criativas e solidariedade — uma riqueza que também gera inovação em cenários muito distintos.
Pensar no longo prazo
Na Suécia, a pressa não é prioridade. Empresas como o Spotify demoraram anos para dar lucro, mas mudaram indústrias inteiras. No Brasil, a velocidade e a improvisação muitas vezes são chaves para a sobrevivência dos negócios. São caminhos diferentes: aqui a aposta é na paciência estratégica; no Brasil, na capacidade de reagir rápido. Ambos têm seu valor e podem se complementar.
Educação digital precoce
Nos anos 90, a Suécia já estava levando internet rápida para todo o país e introduzindo tecnologia nas escolas. Isso deu origem a uma geração preparada para o digital. No Brasil, por outro lado, mesmo sem acesso universal, jovens aprenderam a explorar a internet de forma criativa e empreendedora, muitas vezes abrindo negócios online antes de grandes empresas entenderem o potencial. Um contraste que mostra: condições diferentes podem levar a soluções igualmente inovadoras.
De multinacionais a startups
Grandes empresas suecas, como Ericsson, IKEA e H&M, formaram profissionais que depois criaram startups próprias. No Brasil, muitas histórias de empreendedorismo vêm de pequenas e médias empresas familiares, ou de quem se reinventou em setores informais. Em ambos os casos, o que aparece é a mesma essência: transformar experiência em novas oportunidades.
O papel do governo
O Estado sueco sempre esteve presente, financiando pesquisa, apoiando educação tecnológica e criando segurança para quem queria arriscar. No Brasil, apesar das dificuldades, programas como o Sebrae e iniciativas regionais também geraram ecosistemas fortes em inovação — basta lembrar como polos como Recife ou Florianópolis se destacaram sem copiar modelos estrangeiros.
O que aprendemos dessa combinação
A Suécia mostra como confiança, paciência e estrutura podem criar gigantes globais. O Brasil mostra como criatividade, flexibilidade e resiliência também são motores de inovação. Para quem é brasileiro vivendo aqui, a chave pode estar justamente nessa mistura: usar o melhor dos dois mundos.
No fim, unicórnios não nascem só de tecnologia ou de dinheiro. Nascem de cultura, valores e da forma como um povo encara riscos e colabora. E nisso, tanto a Suécia quanto o Brasil têm muito a ensinar.