A Suécia continua igualitária quando olhamos renda, mas aparece com alta concentração de riqueza no relatório UBS 2025. Entenda a diferença entre renda e riqueza, o que mudou para o sueco médio em 30 anos e por que o Brasil não está tão longe da Suécia no recorte de riqueza.
Desigualdade econômica na Suécia: o que o post do Vänsterpartiet mostra — e o que fica de fora
Palavra-chave: desigualdade econômica na Suécia.
Resumo em uma frase
O post do Vänsterpartiet usa um ranking de desigualdade de riqueza (patrimônio) no qual a Suécia aparece com Gini 0,75 — acima dos EUA —, mas isso não contradiz o fato de que, pela desigualdade de renda (dinheiro que entra no bolso depois de impostos e benefícios), a Suécia segue entre os países mais igualitários do mundo.
O que o post diz (e diz bem)
O ranking citado é do UBS Global Wealth Report 2025, que mede a concentração de riqueza (ativos menos dívidas). Nesse recorte, o top do ranking traz Brasil (0,82), Rússia (0,82) e África do Sul (0,81). A Suécia aparece com 0,75 e os EUA com 0,74. Ou seja: patrimônio está concentrado na Suécia, sim.
O que o post não mostra
Renda não é riqueza. Renda mede o fluxo (salários, aposentadorias etc.); riqueza mede o estoque (casa, ações, poupança) menos dívidas. Um país pode ser igualitário em renda, mas desigual em riqueza. É o caso sueco.
Como mudou a vida do sueco médio em 30 anos
- A renda subiu para todos, mas subiu muito mais no topo. Desde o início dos anos 1990 até 2023, a renda mediana real cresceu mais de 60%, e os 10% mais ricos avançaram muito mais do que os 10% mais pobres.
- O papel do capital cresceu. Juros, dividendos e ganhos de capital (venda de imóveis/ações) ficaram mais concentrados no topo e puxaram as diferenças.
- Benefícios sociais perderam fôlego relativo. Várias prestações não acompanharam o ritmo dos salários, o que alarga as distâncias entre quem trabalha e quem depende de benefícios.
- Mais gente mora sozinha. Com mais lares de uma pessoa, a renda “por cabeça” fica mais apertada e as estatísticas de desigualdade sobem, mesmo sem queda absoluta de renda.
Onde a Suécia está hoje
Em renda (após impostos e transferências), a desigualdade aumentou desde os anos 1990, mas o país segue no grupo mais igualitário entre as economias ricas. No entanto, em riqueza o retrato é outro: a concentração patrimonial é alta, o que ajuda a explicar a sensação de “classe média apertada” numa sociedade que, ainda assim, mantém serviços universais (saúde, escola, creche) que reduzem desigualdades no dia a dia.
E o Brasil nisso tudo?
No recorte de riqueza do UBS, o Brasil aparece no topo da desigualdade. A comparação direta com a Suécia aqui é justa: ambos têm muita concentração de patrimônio, embora por motivos e histórias diferentes. Já no recorte de renda, o Brasil é bem mais desigual do que a Suécia.
Como discutir melhor nas redes
- Diga sempre qual métrica está usando: renda (fluxo) ou riqueza (estoque).
- Traga o tempo para a conversa: desde 1990, as diferenças cresceram; na última década, a renda andou mais estável, mas o patrimônio ficou mais concentrado.
- Conecte com o cotidiano: custo da moradia, acesso a creche, filas na saúde e segurança do emprego pesam mais para a classe média do que listas de bilionários.
Glossário rápido
- Gini (0 a 1): 0 = todo mundo tem o mesmo; 1 = uma pessoa tem tudo. Serve para renda ou riqueza (são bases diferentes).
- Renda disponível: o que sobra para viver após impostos e benefícios.
- Riqueza (patrimônio): ativos financeiros e imóveis menos dívidas.
Conclusão
O post do Vänsterpartiet acerta ao apontar a desigualdade de riqueza na Suécia. Para entender a vida do sueco médio, porém, vale olhar também a desigualdade de renda e as mudanças estruturais: peso maior do capital, benefícios perdendo valor relativo e mais lares de uma pessoa. No todo, a Suécia continua igualitária por renda — mas a concentração de patrimônio liga um alerta que aparece no ranking citado.
Tags: Suécia, desigualdade, renda, riqueza, Vänsterpartiet, UBS, SCB, Brasil